DESAFIE O SEU CORPO E SEU MUNDO IRÁ MUDAR

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Enquanto estudava Psicologia na faculdade, fui apresentada ao "Estudo da Universidade de Harvard Sobre a Vida Adulta", o mais longo sobre felicidade já feito. Por 75 anos, os pesquisadores acompanharam a vida de 724 homens. Alguns eram estudantes do segundo ano do Harvard College; outros, dos bairros mais pobres de Boston. 

Parecia fascinante que - assim como os milênios de hoje - quando aqueles jovens foram inicialmente entrevistados sobre suas ambições, a maioria acreditava que a felicidade estava relacionada à riqueza ou à fama. Décadas depois, o estudo provaria que, apesar de suas origens muito diferentes, o segredo da felicidade e longevidade daqueles homens residia na qualidade de seus relacionamentos.

Esse estudo teve um impacto poderoso em mim com meus 20 e poucos anos. Eu tinha inúmeras ambições profissionais e materiais, mas qual era o sentido de me tornar CEO de uma empresa multimilionária, se meus filhos me odiassem? Qual era o valor de ter uma mansão fabulosa se aqueles que morassem lá não se importassem comigo? Comecei a priorizar meus relacionamentos e a participar de atividades constantes com minha família, amigos e comunidade. Nos anos posteriores, fui a pessoa mais feliz que conhecia e me sentia extremamente grata por ter aprendido essa lição preciosa tão cedo na vida. A desvantagem de colocar os relacionamentos em primeiro lugar, descobri mais tarde, era que perder alguém se tornaria muito mais difícil de superar.

Perdi um grande mentor durante esse período - um acidente repentino e estúpido - e fiquei inconsolável. Durante meses, questionei o propósito da vida e da morte e discuti incansavelmente com meus professores técnicas para combater a dor do luto. Um pouco de terapia me ajudou a desabafar minha angústia, mas não consertou a melancolia que me impedia de retomar minha vida normal.

Estes são os momentos em que alguns de nós escapam através de drogas, álcool e comida. Fiquei tão mal que não queria ficar dormente; queria sentir algo mais avassalador do que minha dor atual. Uma tarde, um amigo se ofereceu para me ensinar a surfar, e teria sido uma idéia incrível para quem precisasse de uma boa distração. Eu achei perfeito porque tinha pavor do mar.

A primeira aula de surf é aprender a se equilibrar na prancha. Pra mim com fobia de ondas, que só sabia nadar em piscinas, a lição seria olhar nos olhos do monstro. Meu amigo me pediu pra nadar com ele até um certo onto e aguardar. Quando uma onda grande o suficiente para me cobrir aparecesse, eu deveria mergulhar sob ela. Por mais contra-intuitivo que pareça, se você mergulhar quando uma onda grande se aproxima, ela marcha sobre a superfície, enquanto você permanece em segurança por baixo. Já se você ficar na frente dela, ela o atingirá com força e o arrastará. Você pode se machucar ou até se afogar.

Minha mente sabia o que fazer, mas o medo é uma criatura burra. Lembro-me da primeira grande onda se aproximando de nós. Duas vezes mais alta que eu; seu rugido, uma trilha sonora alta e horrenda. Eu congelei por um momento e então, em vez de mergulhar, tentei nadar para fugir. É como tentar correr mais rápido que um leão que vem te atacar. Sua mente sabe que é inútil, mas seu instinto faz você correr de qualquer maneira.

A onda me atingiu e me fez rolar debaixo d'água. Quando consegui ressurgir, outra estava vindo. Ela me atingiu e me arrastou em direção à costa, onde finalmente emergi com braços e pernas arranhados pelos corais. Lembro-me de chorar e prometer nunca voltar. Mas nos dois dias seguintes, não pensei em mais nada. Acredite, quando você enfrenta um perigo físico, sua mente muda imediatamente. Você percebe que a vida é curta demais para ser desperdiçada em tristeza, raiva ou duelando com o passado. Pergunte a qualquer sobrevivente de uma situação de refém. Com uma arma contra a cabeça, você não se importa com seu grande objetivo de vida ou com a falta dele. Você só sabe que se continuar respirando, e sair dali inteiro, de alguma forma, tudo ficará bem.

Várias pesquisas estabeleceram que meditação, gargalhadas e exposição à luz solar ajudam a combater a depressão. Enquanto que o exercício regular aumenta a produção de endorfinas e serotonina no cérebro, aumentando o humor e proporcionando uma sensação geral de felicidade e bem-estar.

Para muitos de nós, ir à academia regularmente durante uma crise fará será o bastante. Para outros, lidando com questões mais perturbadoras, exercitar pode não ser suficiente. A razão básica é que, apesar das injeções químicas que oferece, o exercício físico não costuma ser divertido e seu bem-estar quimicamente induzido terá vida curta. Novos esportes, novas aventuras e programas de exercícios customizados combinam estímulo físico e mental. Juntos, eles criam uma resposta química que estimula seu cérebro durante e após a atividade e gradualmente produzem um estado estável de esperança e satisfação, o que o levará a buscar uma vida mais feliz.

Eu voltei às minhas aulas de surf e aquelas três semanas mudaram minha vida para sempre. Escrevi inúmeras páginas sobre meu auto-experimento e compartilhei com os colegas de classe como aquele desafio físico e mental havia me ensinado a vivenciar minha perda, sem esquecer o propósito da minha própria jornada. Concluí que deveria desistir antes de aprender a surfar ou me sentir confortável com o mar. O objetivo não era dominar o desafio, apenas me submeter a ele até que a experiencia mudasse meu estado mental. Se o oceano permanecesse um mistério, eu sempre poderia voltar a ele, se precisasse.

Nos vinte anos seguintes, enfrentei outras perdas: mortes, divórcio, doença, mas nunca mais me rendi a um quarto escuro. Tentei diferentes desafios físicos e mentais em cada situação, e eles sempre me traziam de volta ao equilíbrio. Minhas experiências também revelaram que desafiar seu corpo pode revelar novos traços de sua personalidade ou despertar alguns que estavam adormecidos: coragem, perseverança, autocompreensão e auto-apoio.

Outra lição surpreendente foi que, embora o apoio de seus amigos e familiares possa ser útil, esse método de recuperação será muito mais gratificante se você se transformar em sua própria líder de torcida. Por isso, adicionei fotografias e gravações de áudio ao processo. Nem sempre temos pessoas ao nosso redor e, mesmo fazendo algo desafiador e emocionante, todos temos bons e maus dias. Nos nossos dias ruins, nosso crítico interior pode aparecer no nosso ombro, nos chamar de tolos, e iremos ouví-lo. Não somos treinados para ter vozes internas encorajadoras, apenas críticas. Eu sou estúpido! vem à mente com muito mais facilidade do que Você está indo muito bem. Continue!

O que melhora o nosso relacionamento com o nosso crítico interno, transformando-o em um aliado, é um pequeno exercício que você pode fazer usando um gravador. Isso não é falar consigo mesmo. É falar com o gravador como se você estivesse contando sua experiência a um repórter ou psicólogo. Leva de cinco a dez minutos e você o faz duas vezes: enquanto se encaminha pro seu desafio e depois de terminá-lo. Tudo o que você precisa fazer é dizer ao "gravador" por que está indo para sua aula de surf ou treinando para aquela maratona. E no seu caminho de volta, grave como você se sente após o tempo gasto fazendo o seu desafio. Você pode fazer sessões extras se estiver desanimado ou deprimido. Ou enriquecer a experiência filmando ou fotografando a si mesmo antes, depois ou durante o seu desafio.

Mais tarde, compartilhei esse método de recuperação com pessoas que odiavam suas vozes gravadas ou se sentiam estúpidas ao ouvir suas experiências. Pedi que persistissem, porque este é apenas mais um truque do nosso crítico interno. É mais fácil acreditar em mensagens negativas, especialmente sobre nós mesmos. É importante continuar o exercício até que nossa voz positiva apareça e se solidifique. Quando sua voz positiva reinar, você se sentirá forte e confiante a maior parte do tempo e, quando enfrentar uma crise, estará preparado para combatê-la, em vez de sucumbir a ela. É quando documentar o processo faz toda a diferença.

Pouco antes de completar 40 anos, uma grave disfunção hormonal me fez perder cabelo, peso e adquirir manchas de envelhecimento no rosto. Dessa vez, decidi documentar minhas alterações físicas antes e depois do tratamento médico necessário para o meu problema. Eu me fotografei no meu estado inicial (Dia 1) e depois, uma vez por semana, acompanhava minha evolução após implementar novas rotinas: dieta, medicamentos e um desafio físico. As melhorias não foram apenas sentidas por dentro, com mais auto-estima, confiança e melhor estilo de vida, mas gradualmente, vistas na qualidade da minha pele e uma expressão facial mais descansada. 

Criar registros com fotos, vídeos e gravações foi muito encorajador, porque eu não precisaria contar apenas com minha persistência, mas com dados reais que me manteriam no caminho certo. Olhando tudo aquilo, eu sentia que fazia parte de um experimento destinado ao sucesso e não poderia ser interrompido independentemente do meu humor.

Durante essa fase, as experiências anteriores com meu próprio método de recuperação se mostraram extremamente úteis. Os médicos recomendaram exercícios aeróbicos e de força, mas eu detestava levantar pesos e, na academia, inevitavelmente, passava pouco ou nenhum tempo fazendo isso. Se essa era minha tendência habitual, estando preocupada e chateada com minha saúde não ajudaria. Então, escolhi a esgrima como desafio. Era aeróbico o suficiente, mas também me forçou a ganhar força muscular nos braços e pernas para poder atacar e defender.

Levou dois anos para recuperar-me da minha disfunção hormonal e isso foi sem dúvida, um enorme desafio em si. Eu sofri preconceito no trabalho por causa de minha aparência frágil, temia os efeitos colaterais da medicação e me sentia fora do meu elemento por não ser mais o meu eu atlético. Quando me recuperei, saudável e com uma cabeça cheia de cabelo, me ofereci para compartilhar meus estudos empíricos e auto-experiências com sobreviventes de câncer. 

Por quatro anos consecutivos, trabalhei com bravas mulheres de diferentes partes do mundo que enriqueceram muito meu estudo. Em remissão, essas mulheres estavam enfrentando problemas de auto-imagem após cirurgias e tratamentos brutais, e queriam recomeçar livres do medo de um câncer recorrente. Elas adoraram a idéia de gravar seus pensamentos e, relutantemente, entenderam a importância de se fotografarem. Mas em nossa primeira reunião, muitas ainda não estavam bem o bastante para atividades físicas pesadas, e alguém me perguntou: "Que tipo de desafio poderíamos fazer se não conseguirmos nos exercitar? Eu tenho medo de jacarés. Devo pegar um barquinho e me aventurar pelos pântanos?"

Todos rimos. Eu esperava aquela pergunta e expliquei que, quando estive doente, minha condição consumia minha energia e, por fim, não conseguia mais acompanhar a rotina atenuante da esgrima. Eu adorava correr e tentei aumentar minhas milhas. Quando isso também se tornou muito cansativo para mim, voltei ao oceano. Naquela época, incapaz de me envolver em algo tão físico quanto o surf, pensei em outra coisa que acabou sendo uma emoção!

Eu sugeri. "Que tal irmos andar de jet-ski?"

Não precisamos forçar nosso corpo quando não estamos saudáveis, ​​ou adotar nossos desafios escolhidos para a vida. Precisamos de um desafio poderoso para nos arrastar para fora de nossa zona de conforto e nos estimular por tempo suficiente para fazermos uma mudança mental. Depois de mais de uma década compartilhando esse método, voluntários e clientes me disseram que reacenderam sua chama tentando esportes radicais, como pular de pára-quedas, ou treinando para uma maratona. Para outros, o desafio foi aumentar gradualmente o nível de dificuldade de suas caminhadas, aperfeiçoar uma pose difícil de ioga ou enfrentando suas fobias. O importante é: não espere a vida mudar. Procure algo fora da comum para mudar sua mentalidade. Quando você começa a mudar, recupera a alegria de viver e tem mais força para lutar pelo que deseja. Consequentemente, seu ambiente mudará, ou pelo menos, a sua percepção dele.

COMO USAR O MÉTODO PICTURECURE DE RECUPERAÇÃO EMOCIONAL

1- Escolha seu desafio e faça dele seu projeto pessoal.

De preferência, encontre um esporte ou atividade que exija movimento e queime calorias. Se você não estiver em sua melhor forma ou se recuperando de uma lesão ou doença, comece devagar e adicione novas etapas mais tarde. Mas é essencial que sua atividade seja mentalmente desafiadora.

2- Documente o seu progresso

Você precisará de uma câmera, um gravador e um caderno. Ou você pode fazer tudo no seu SmartPhone.

O DIA 1 é o seu ponto de referência. Tire 5 fotos de si mesmo. Corpo e rosto. Não pose. Não force um sorriso. Pense em como você se sente agora e deixe que a emoção - boa ou ruim - seja refletida em sua expressão. Se você anda com raiva ou frustrado, mostre.

Após iniciar seu novo desafio, repita essas sessões de fotos de 10 minutos uma vez por semana.

Mantenha um "diário científico" para escrever as alterações físicas que você vê nas suas fotos. Lembre-se de que, ao observar suas fotos e escrever seus relatórios, você não é você mesmo, é o observador. Não tenha pena de sua dor ou frustração. Apenas descreva o que se reflete em seu corpo e na expressão facial. Seja o mais preciso possível e trate o experimento como algo que você fez uma dúzia de vezes e sempre funcionou. Seja persistente.

Não escreva sobre seus pensamentos e sentimentos, grave-os. Como eles mudaram ao longo das semanas após você se envolver em novos hábitos e atividades? 

Converse com o gravador como se estivesse conversando com alguém realmente interessado na sua experiência e que se preocupa com o seu sucesso.

Esta é uma parte preciosa do processo que você não deve ignorar. Algumas pessoas encaram o espelho e repetem um mantra: "Estou ótimo!" "Eu sou linda!" Esta técnica de gravação que proponho desenvolve gradualmente um diálogo com a sua voz interior mais encorajadora. Você pode gravar algo negativo hoje, mas quando ouvir mais tarde, é importante fazê-lo como se estivesse ouvindo um amigo. Isso desenvolverá a distância e a empatia necessárias para realmente ouvir o que está acontecendo com você. 

Eventualmente, você começará a entender, apoiar e amar a si mesmo mais profundamente do que faria apenas repetindo frases.

3- Analise: veja suas fotos e vídeos e ouça suas gravações com frequência.

Aprenda a enfrentar suas crises em vez de escapar delas.

Não se importe com suas fotos ruins. Não apague nada. Elas não foram feitas pro seu Instagram. Você quer que elas sejam "feios" ou "tristes" no começo para lembrá-lo de que pode seguir em frente e se tornar melhor. 

Lembre-se de que novas fotos ou vídeos aprimorados aparecerão mais tarde, à medida que você persistir no seu desafio.

Desenvolva uma voz interior encorajadora em que você poderá confiar fazendo o seguinte: ouça sua gravações com compaixão, e depois aconselhe-se com sua mente racional.

Dependendo da atividade que você escolheu como desafio, e quantos dias você dedica a ela, você começará a ver progresso visual e emocional após semanas ou meses.

E se você mantiver bastante registros de seu projeto, sempre que tiver um dia ruim, basta olhar sua coleção de foto/vídeo e ouvir suas gravações. Veja o seu progresso. Veja aquele você que está se exercitando, tentando algo novo, visando o auto-aperfeiçoamento.

Honre aquele você e não quebre o ciclo. 

Quando você está triste e desanimado, é quando mais precisa sair e agitar sua mente, engajando-se em seu desafio!

Se um dia você realmente não puder, comprometa-se a pelo menos fazer uma caminhada de passo rápido, com seu gravador e seu amigo interior.

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